quinta-feira, 29 de novembro de 2012

O Bom ladrão?



É verdade, já lá vai algum tempo desde que escrevi aqui a última nota em tom de reflexão. Até então muita coisa mudou! Outras tantas haveriam de permanecer igual. Recuperei a condição pela qual sempre me perdi, esta vida de ser Teu. Tu és a minha tentação e a minha perdição. Até podia ser a Anabela, mas era tempo a mais que lhe faria perder e ela descobriria que o meu coração jamais lhe pertencera. No fundo seria mais uma que me suportaria as mágoas enquanto não voltasse á estrada. Quem sou eu afinal? Que identidade me destes que tanto me agustia compreender. Eu poderia ser qualquer um. Poderia criar o meu enredo á volta de uma complexa estrutura de ideais, poderia já estar casado, ter um rol de amigos tabernais, uma mulher fogosa que me aquecesse o peito másculo á perdição original. Agora que te recordo: Tinhas os cabelos longos, uma cara angelical e inocente, um passo subtil que tanto contrastava com o meu desarranjo. O sorriso era, talvez, o que melhor te definia: tão leve, tão…, tão feminino. Alegravas-me a alma. Mulher, mulher que me importunas ainda… Temos uma história curiosa… inocentes e felizes, riamos como perdidos daquele carro velho em que passeava-mos, tenho saudades do teu braço no meu ombro e dos beijos que me davas enquanto eu guiava aquele monte de sucata. Tínhamos o nosso mundo, tu compreendias-me tão bem, eu queria-te tanto. Mal anoitecia, eu largava a enxada e corria para ti. Entregávamo-nos á paixão, aquele vigor da juventude não perdoa ao servo mais ponderado… Hoje não consigo dizer mais nada…

terça-feira, 29 de maio de 2012

Abraça-me Senhor! Mesmo que saibas que nada mereço...e Tú sabes que não!

Nestes tempos atribulados de doença e solidão tenho notada a imensa falta que os amigos e entes próximos fazem. Creio que nunca Te servi para muito, nunca fui mesmo nada que pudesse transparecer a tua Santa e Calma face. Porque emerge de mim Senhor esse desejo de Santidade? Porque me sinto chamado a Ti, desesperadamente, loucamente... Quem és? Que queres de mim?... E Tu já me respondes-te, eu não quero acreditar. Sou fraco, incapaz, miserável, cheio de preguiça e pecados que não ouso contar. Não me conforta que Tu saibas, se queres mesmo saber Senhor! Há até alguns que Te preferia ocultar, se isso fosse possível. Alguns que nunca partilhei no sagrado ministério e estou preso, profundamente aprisionado deles no fundo da alma... O peso é grande, o arrependimento é visível mas pouco voltado á acção! Talvez (e penso ás vezes), seja uma espécie de homem esquizofrénico, onde o bem se projecta, mas na realidade é o mal que impera.
      Resta-me perguntar-Te: O que vês num asqueroso homem amigo de vinho e mulheres de má vida, que passou grande parte da sua vida perdido nos caminhos do demónio?
Livra-me Senhor!
Porque vem pessoas pedir-me, a mim, miserável, Conselhos?
Não estou preparado, Livra-me Senhor!
Não sou capaz de Te dar assim! Não sou....

domingo, 22 de abril de 2012

O Homem Jumento....

A Pensar no Evangelho deste III Domingo da Páscoa veio-me á memoria, como aliás já muitas vezes, a ideia da nossa desconfiança e cepticismo. Creio que Deus não se cansa de nós, e de vez em quando, lá nos envia mais um sinal, mais «um barco», mais uma tábua. Através dos Santos ele nos envia sinais no nosso tempo, como sempre o fez, tendo em conta a nossa dificuldade de percepção e entendimento. Era o que hoje relatava o Evangelho! Não estamos muito diferentes, ou mais confiantes que os discípulos naquele tempo...
Ler a vida do padre Pio, do santo Cura D'Ares, tão próximos historicamente, é ver neles a misericórdia que Deus tem por nós! Sempre atento, sempre Fiel. E, apesar de tudo, qual pai piedoso ante o filho incapaz, lá o ajuda pela milésima vez, sem se cansar, sem se aborrecer...
Obrigado Senhor pela tua misericórdia, pelo teu amor...

Vida do Padre Pio de Pietrelcina, completo e legendado em português (3h26min)...

sábado, 21 de abril de 2012

Mártires - Esses suicidas lunáticos!

Hoje fui á feira, como aliás sempre que posso e não adormeço. É uma feira de bugigangas, da ladra como se diz. Como os livros estão fora de moda, empilham-se por lá como entulho á espera de algum transeunte que tenha «uma mesa para calçar»: se assim não é, pelo menos é o fim que lhes deseja o aspecto. A humidade do rio tolhia-me os ossos e caia uma chuva miudinha. Depois de ter parado a arfar angústias temporais e pragas Pedrinas com um vendedor, deparei-me, entre os «escombros», com uma obra dos anos cinquenta que ostentava sobre um fundo verde carregado o pomposo título: «Endireitai as veredas do Senhor!». Porém, o que mais me convenceu foi o autor: António Ferreira Gomes. Trata-se de uma compilação de homilias, discursos e  alocuções desse grande bispo do Porto. Está agora aqui comigo e parece gostar do novo abrigo, talvez contente por ter um pouco de atenção, talvez a única neste meio século de existência. Entre uma inspecção rápida saltou-me aos olhos a mensagem aos diocesanos por ocasião do Te Deum do encerramento do ano de 1953. Entre uma preocupação visível face ás perseguições dos Cristão vítimas dos totalitarismos comunistas por essa Europa fora, surge um ponto a respeito dos mártires e do culto do martírio. Serão eles loucos? Sedentos de sangue? Com horror á vida? - Pergunta D. António. E logo lhe responde, numa síntese austera e clara que vos cito agora: 
«Não! O Cristão ama a vida, embora lhe não sacrifique a vontade de viver; deseja o progresso e bem-estar do mundo, embora considere o espírito como sua primeira componente; não deseja a violência nem o sangue, embora não recue perante a Cruz. O príncipio e a razão de ser do mérito não está no sangue: está na caridade. Sem a caridade...é tudo em vão. É o amor que acende o holocausto; a matéria que arde é podridão, cinza e pó. "A razão ou essência da virtude assenta mais no bem do que no difícil", diz S. Tomás. O bem árduo, o bem martirial honra a Deus, porque é bem, bem potenciado ao máximo, e não porque é meramente atitude heróica: o orgulho e a obsessão também podem simular heroísmo e não honram a Deus, porque são vícios. Todo o mérito está na caridade que é o Amor e o sacrifício á Verdade e ao Bem. Com sangue ou sem sangue, o verdadeiro martírio é a imolação da alma a uma causa justa: não será a SSma. Virgem Rainha dos Mártires?...Ela, a Virgem branca de sangue, mas que tem sete espadas de amor doloroso sobre o coração...»
 D. António Ferreira Gomes    

...uma mensagem forte, para a vida, para a entrega e o sacrifício na caridade.
Jamais eu pensava que nesta manhã, por uma moeda de um euro que me aquecia o bolso, eu poderia tirar daí a minha reflexão do dia...

sexta-feira, 20 de abril de 2012

Raios me partam....

Há dias em que a revolta connosco mesmos é tão grande, que mais parece estarmos no meio de uma guerra. A nossa consciência ataca-nos de forma tão violenta que somos incapazes de disfarçar a nossa tristeza. Quando, apesar de toda a vontade de que temos de vencer, de fazer, de andar para a frente, fica-mos quedos e cedemos á facilidade da passividade, do não fazer, do não arriscar. Guardados na fortaleza dos nossos egos sustenta-mos a alma com achas do passado, guarda-mo-nos em rancores, em querelas antigas, em idiotices. Arranhar as feridas só resulta em que nunca curem! Assim, desenterrar o que de mal se passou só impede o perdão ao outro e sobretudo a nós. Quando pensamos que pudera-mos ser fonte de bem e fomos fonte de discórdia, fonte de exemplo e só fomos fonte de engano... Deus nos deu os dons que precisava-mos, mas o diabo nos gerou a confusão e utiliza-mo-los mal! Cheguei até aqui e julgo que posso dar cem vezes mais do que sempre dei e, no entanto, não o dou. Quantas pessoas, amigos de peito, colegas da vida eu desiludi? E eles, cada um sua maneira, estenderam a mão e eu não peguei nela! Perdoai-me, aqui vos peço, perdoai-me! Pedoa-me Tu Senhor! Vós, que mais que ninguém me conheceis! Bem sabeis o bem que queria ter feito, o bom que quero ser, a dádiva em que quero existir, e no entanto, a minha vida é tão cheia de tudo aquilo que eu não preciso para nada e tão vazia daquilo que realmente me dá vida! Perdoa-me, pois me revejo na imagem do servo inútil... Gastei grande parte da minha vida a construir a minha mansão na areia, veio o mar e o vento e ela caiu. E os dia que eu levei, o tempo que eu perdi. Sabes, ás vezes ainda me sento na praia a olhar para ela, como se existisse. Há dias que me iludo que sim, e ainda a faço maior, mas depois acordo e não está lá nada! Só vejo areia, mar e a imensidão. Então tenho a sensação de ter perdido tudo, tudo o que nunca tive e nunca nada me aprouve. Choro a perda de uma ilusão. Mas depois vens Tu, outra vez, cada dia, todos os dias. Vens devagar, sorrindo, de mansinho... Não me olhas com o olhar de condenação, mas de piedade, um olhar tão belo, tão profundo, tão cheio... Então eu sei que és Tu, por esse olhar... Porque me inunda e enche realmente. Sentas-te a meu lado e eu nem sempre olho para Ti, mas sei que estás lá, sinto o teu apoio, o teu silencio acolhedor...Eu falo-Te da praia, do chão que piso, da minha mansão e peço ajuda para acabar aquele recanto com grande pompa, para que todos vejam a bela moradia... Ás vezes passo meses a falar dela e Tu ao meu lado vais escutando... O nosso diálogo torna-se então num monólogo permanente, mas Tu não te aborreces. Quando finalmente, nas raras vezes que Te deixo falar, falas-me do mar, da imensidão. E de como me queres abraçar, e estar comigo nessa imensidão. Sabes, eu nunca compreendi que a casa que me queres dar é infindamente maior do que a ilusória mansão que eu construí na praia, que o que me queres dar supera qualquer ambição que eu jamais sonhei....

quinta-feira, 19 de abril de 2012

A Felicidade Compra-se!

Olhando ao redor, não é difícil compreender a ingratidão do nosso mundo actual no que ás relações humanas diz respeito. A Psicologia nos têm ensinado que cada pessoa tem essa necessidade «de relacionamento» ou, como alguns disseram e bem: « a necessidade diária de afecto». Não vivemos sem o outro, sem «o próximo». O mundo consumista e tecnicista parece querer, a toda a força, convencer-nos do contrário, muito embora seja fácil verificar o erro em que nos induz. A Caridade é uma realidade que se vai tornando extraordinária e pontual. Mas a verdade é que precisamos dela! Sem a dimensão da felicidade do outro somos vazios, somos nada! É bom começar por alargar o conceito até ao mais ténue sorriso, a toda a acção que nos envolve com alguém. Ter esta preocupação é vital. Gerar bem estar é tão simples como sorrir, escutar ou compreender. Por vezes custa, é difícil, apetece ripostar, humilhar, rebaixar. O porque de tudo isto? Achamos nós que o fazemos para os outros? Parece haver aí uma dificuldade de entendimento notória! A caridade que possamos fazer é útil para nós, é uma questão de «sobrevivência», bem-estar, saúde e  vitalidade. Quantos problemas e crises enfrentamos, pois me parece que não há melhor remédio que a caridade! Ela é a chave e a cura, sendo caridosos com os outros, passamos a ser caridosos connosco. Não há felicidade maior, e todos sabemos isso, que a sensação de fazer o bem. Ela é mais gratificante e feliz do que quanto possamos possuir nesta vida.

AFINAL A FELICIDADE COMPRA-SE! TEM-SE DITO QUE NÃO, MAS ELA COMPRA-SE COM A CARIDADE

E nunca há melhor remédio que experimentar!| «Usada Diariamente a sensação de bem-estar é duradoira!»

Para pensar:
1. «Será que alguém, por única vez na história, foi feliz com o mal que fez? Não é rico, poderoso, conhecido: mas feliz?»

2. Haverá maior alegria do que tentar fazer o bem?

3. Que beneficio eu alguma vez tive em: Ignorar alguém, maltratar alguém, gerar mau ambiente, ficar na passividade?

Assim se conquista a Felicidade, em relação! Mas é em relação com o «próximo» e com Deus que se caminha para a plenitude da felicidade!

quarta-feira, 18 de abril de 2012

Que vale por mil palavras!

No contexto da publicação de ontem «Perspectivas Pascais», aqui está um óptimo resumo dos Problemas da Formação...